Licitação Para o Transporte: atrair “interessados” só depende do prefeito.

Em artigo publicado no jornal A Notícia de 25 de Fevereiro de 2022 o prefeito Laércio Ribeiro (PT) afirmou que “a licitação para escolher a nova prestadora do transporte público coletivo em João Monlevade pode não atrair interessados”. Destacou “que outras cidades enfrentam o problema do abandono das concessionárias”, inclusive em “em Belo Horizonte, onde toda hora uma empresa para de rodar”.

Percebe-se que esse alerta do prefeito surge exatamente no momento em que o debate acercas do subsidio para a concessionária do Transporte Público Coletivo entra em vias de renovação. Não sendo essa, a necessidade de se convencer a Câmara de Vereadores, qual será a intenção do prefeito quando expos seu anseio ao A Notícia?

Onde não houve interesses pelas licitações para o Transporte Público Coletivo?

Em Caeté/MG, a empresa Transcol venceu a concorrida licitação, e dará continuidade ao programa Tarifa Zero pelos próximos 60 meses. O prefeito Lucas Coelho ponderou “que neste período de crise, não podería, de forma alguma, permitir, o nosso povo ficasse desamparado. O transporte gratuito nos ônibus continuará beneficiando do idoso à criança, as empresas e seus empregados, fazendo com que nossa cidade ofereça mais bem-estar a todos”. – Todo esse otimismo prefeito caeteense demonstra o desejo e o interesse de que serviços de Transporte Público Coletivo sejam realizados com melhor qualidade para a população. Quanto à concessionária, esse mesmo desejo de que tudo dará certo também vigora.

Por qual desejo haverá licitação desertada?

Sabe-se que o grande entrave enfrentado pela maior parte das empresas que concorrem em licitações para o Transporte Público Coletivo são as garagens. Assim é pertinente questionar: terá no edital de João Monlevade a exigência de que se tenha, por parte da empresa, uma garagem instalada no município?

Fossem as garagens do município e alugadas aos vencedores, poder-se-ia aumentar bastante os números de empresas concorrentes, pois é na licitação que ela se pode dar, uma vez dado o mercado monopsônio. Neste aspecto João Monlevade possui uma grande vantagem, uma vez que há perfeitas condições de serem instaladas no distrito industrial, garagens municipais. Essa iniciativa, além de gerar equidade entre os concorrentes, promoverá grande movimentação no distrito industrial, atraindo inclusive mais empreendimentos.

A partir dessas pequenas iniciativas torna-se possível ir ainda mais longe. Fazendo-se concorrência apenas de fretamento e instalando garagens municipais e acaba-se com as áreas exclusivas, abrindo espaço até mesmo para a contratação de vários fretadores, independentemente de área de operação, claro que se mantendo um bom nível de eficiência do sistema.

Quem disse que João Monlevade deixará de atrair empresas interessadas Transporte Público Coletivo?

Apesar do prefeito garantir que a licitação será realizada conforme o cronograma estipulado, sua evidente descrença na capacidade do município em atrair investidores deixa a todos bastante inseguros quanto as possibilidades de melhorias, não só no transporte público, mas em todas as áreas do trânsito, mesmo tendo uma empresa com o gabarito da  Cidade Viva Engenheiros e Arquitetos, que está trabalhando para apresentar sugestões e realizar o diagnóstico do atual cenário da mobilidade monlevadense, esse desinvestimento da principal liderança do município soa como uma profecia auto realizadora.

Por fim, a afirmação de que “João Monlevade pode não atrair interessados pela licitação do transporte coletivo” apenas amplia ainda mais o desalento dos monlevadense. Agindo dessa forma o prefeito corrobora com a descrença e reafirma impossibilidades de um mercado tão promissor quanto o de nosso município.  João Monlevade, ao contrario do que se afirmou, apresenta grandes perspectivas de ampliação de sua renda e população. A cidade aponta para um norte bem diferente daquele demonstrado pela visão pessimista, sendo assim, jamais deixará de atrair empresas interessadas em operar serviços tão rendosos como o de Transporte Coletivo, desde que a administração pública cumpra com seu dever de casa.