PSL é suspeito de ter criado candidaturas laranja na última eleição para desviar fundo partidário. Na época, Bebianno era presidente do partido.
No Twitter, o presidente Jair Bolsonaro compartilhou publicações feitas por um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), contra o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
Em uma das publicações, Bolsonaro compartilhou um áudio publicado inicialmente
pelo filho no qual desmentiria informação dada por Bebianno de que conversou
três vezes com o presidente ontem, em meio a suspeitas de candidaturas laranja
no PSL na última eleição. Na época, Bebianno era presidente do partido.
“Ô, Gustavo, tá complicado eu conversar ainda, então não vou falar com ninguém a não ser estritamente o essencial. Estou em fase final de exame para possível baixa hoje, talkei?”, diz o presidente no áudio divulgado. O arquivo consta com a data 12 de março de 2018, mas, em seguida, Carlos corrigiu a informação e escreveu que o conteúdo foi gravado ontem.
Carlos escreveu que a declaração de Bebianno, que insistia não haver crise no
governo, era uma “mentira absoluta”. “Ontem estive 24h do dia ao
lado do meu pai e afirmo: É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano que ontem
teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo
Globo e retransmitido pelo Antagonista”, escreveu Carlos.
Em entrevista ao jornal O Globo, Bebianno negou que haveria uma crise no
governo. “Não existe crise nenhuma. Só hoje falei três vezes com o
presidente”, afirmou.
Bolsonaro retransmitiu também mensagem na qual seu filho diz que o ministro não
conversou com o presidente sobre a revelação do esquema de candidaturas
laranjas do PSL, revelado pela Folha de S.Paulo.
BRIGA DENTRO DO PSL
A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou nessa quarta-feira, 13, que o
vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, está
tentando gerar uma crise dentro do governo do próprio pai ao voltar a fazer
acusações contra o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo
Bebianno.
“É uma coisa de louco, é inimaginável uma coisa dessa. Tem que ter
separação. Casa do presidente é uma coisa, palácio é outra coisa. O Palácio do
Planalto não pode invadir a casa do presidente. Não pode ter puxadinho”,
disse.
Para Joice, o imbróglio precisa ser resolvido por Bolsonaro. “Se há um
problema entre o ministro e o presidente, tem que lavar a roupa suja em
casa”, disse. A deputada afirmou ter recebido R$ 100 mil da direção
nacional do partido para financiar sua campanha eleitoral.
PSL TENTA BLINDAR CONGRESSO
A crise provocada por uma sucessão de brigas no governo de Jair Bolsonaro fez o PSL, partido do presidente, montar uma estratégia para impedir que o tiroteio contamine votações no Congresso, principalmente a reforma da Previdência. O plano, porém, mostrou que a sigla continua dividida e o governo, bastante fragilizado.
Enquanto a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmava que não pode haver um
“puxadinho” da família do presidente com o Palácio do Planalto, o líder
do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), defendia a divulgação das divergências
pelas redes sociais. “Aqui todo mundo fala as coisas na lata”,
argumentou ele, tentando mostrar que o PSL vai imprimir um “novo
estilo” na política. “Não fazemos acordos às escondidas, como era
antes.”
O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), se recusou a comentar acusações envolvendo candidaturas do partido. O Estado apurou que Bebianno e ele protagonizam uma disputa de bastidores mas, em público, não demonstram as desavenças. “Bebianno sempre foi correto na administração do PSL e não me consta que à frente do ministério tenha ocorrido qualquer problema”, amenizou Bivar.
Na tribuna da Câmara, porém, o deputado Alexandre Frota (PSL-SP) lembrou casos de corrupção no PT para dizer que em seu partido o tratamento será diferente. “Seja quem for – ministro, secretário ou deputado -, laranja podre aqui vai pagar. Ao contrário do PT, nós não passamos a mão na cabeça de bandido.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
BEBIANO NÃO SAI
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência,
Gustavo Bebianno, afirmou à GloboNews na noite desta quarta-feira, 13, que não
tem intenção de se demitir do cargo após ser desmentido publicamente por Jair
Bolsonaro e pelo filho do presidente, Carlos Bolsonaro.
“Não tenho essa intenção porque não fiz nada de errado. Meu trabalho
continua sendo em benefício do Brasil. O presidente, se entender que eu não
deva mais continuar, ele certamente vai me comunicar. Mas tenho que minha
relação com ele sempre foi a melhor possível, da minha parte tudo foi feito com
honestidade e correção. Vamos esperar para ver o que acontece”, declarou
Bebianno à emissora.
À Globonews, Bebianno negou ter mentido sobre ter falado com Bolsonaro. “Mantive contatos com o presidente, como eu já disse. Tratamos de um assunto institucional e de um outro assunto relacionado à viagem que seria feita ao Pará. (…) Contato houve, houve troca de contato por WhatsApp, alguns poucos áudios.”
Bebianno disse ainda que recebeu as notícias sobre as postagens nas redes sociais com “certa tristeza e perplexidade” e que não entrará na discussão com Carlos. “Enquanto ministro de Estado, vou manter a minha postura e liturgia inerente à função. Eu não comento esse tipo de coisa.”
Sobre a acusação de repasse a uma candidata laranja do PSL na última eleição, enquanto Bebianno era presidente do partido, o ministro negou irregularidades e afirmou que seria “humanamente impossível” saber se determinado candidato do partido teria condições de se eleger ou não.