No último dia 18 de fevereiro de 2022, no plenário da Câmara Municipal de João Monlevade, o poder executivo local realizou uma audiência pública para debater sobre a licitação do transporte coletivo no município. Neste momento de importância ímpar, em que o transporte público coletivo se coloca como um dos principais problemas dentro do município, o prefeito se fez ausente na abertura do evento. Essa ênfase à ausência demarca um certo receio de encarar de frente os problemas do município.
O que estamos percebendo diante dessa situação:
Com a consultoria da empresa Cidade Viva Engenheiros e Arquitetos o executivo está seguro de que contratou um corpo técnico profundamente competente, mas a coordenação política do processo, que deveria ser assumida diretamente pelo prefeito municipal pode inviabilizar completamente todo o trabalho que vem sendo desenvolvido.
Segundo o engenheiro Ricardo Medanha, a consultoria não se limita a escolher uma concessionária, mas busca repensar toda a mobilidade urbana do município. Ele diz que são realizadas pesquisas de campo, análises das vias, entrevistas com usuários e outras sondagens para obter o melhor diagnóstico e apresentar as melhores soluções. A cidade será dividida em 16 zonas, e será feita a análise da situação atual.
Percebe-se como isso que a orientação técnica passa, primeiramente pela elaboração de uma questão de trabalho e, num segundo momento, pela criação de um conjunto significativo de alternativas que possam apontar caminhos a serem seguidos. Tudo isso deve ser guiado pela bussola da definição política.
A ausência do nosso prefeito no debate tem deixado uma lacuna na criação das alternativas, uma vez que ficamos à deriva diante do mar de possibilidades. O que nos parece é que há uma blindagem que produz a letargia do executivo, este por sua vez fica à espera de uma solução técnica para a tomada de uma decisão política quando o que deveria ser o contrário. O que se espera de um prefeito, diante de situações complexas é, no mínimo, uma ação conjunta e paralela onde a solução técnica seja guiada pela bussola da definição política.
Vejam que recentemente esse mesmo problema ocorreu no Bairro Santa Cruz, no momento em que a comunidade fechou a rua houve a ausência gritante de uma tomada de decisão política. Esses momentos são bastante oportunos e devem ser aproveitados para que se faça uma aproximação do político com a comunidade.
Portanto espera-se que neste momento tão importante para o município, que é o de definição sobre a concessão do transporte público coletivo para os próximos anos, o chefe do executivo possa se pronunciar diante da população demonstrando sua posição frente ao problema e amparando a comunidade diante da angustia frente as mazelas que ora enfrentamos.